Alguns Fiagros (Fundos de Investimentos em Cadeias Agroindustriais) tiveram um início de 2025 acelerado, com rendimentos que superam os 50%. É o que mostra um levantamento feito pela Quantum Finance, considerando 42 fundos listados na B3 que dão lucro desde janeiro.
O fundo com maior rendimento no ano é o SFI Investimentos do Agronegócio (IAGR11), com retorno de 52,77% de 2 de janeiro a 16 de abril. O Capitânia Agro Strategies (CPTR11) ocupa a segunda colocação do ranking, com 37,14%, seguido do XP Crédito Agrícola (XPCA11), com 28,89%.
Gianluca Di Matina, especialista em investimentos da Hike Capital, explica que a maioria dos fundos do top 10 tinha suas cotas descontadas após perdas significativas nos últimos trimestres. Parte da explicação para o retorno mais alto, portanto, está na recuperação dos preços neste início de ano.
Outro fator que teve impacto positivo para a reprecificação dos Fiagros foi a estabilidade da curva de juros, que permitiu que os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) não sofressem com a marcação a mercado recentemente.
No caso do líder de retorno em 2025, o IAGR11, Di Matina explica que houve ganho extraordinário com a liquidação antecipada de sua carteira de CRAs. “Esse tipo de evento distorce a análise de desempenho contínuo e não deve ser interpretado como sustentável ao longo do tempo”.
O especialista da Hike não considera o momento atual bom para a alocação em Fiagros. Ele argumenta que a classe ainda é muito sensível às oscilações de juros e política tarifária, “particularmente sob as ameaças protecionistas de Donald Trump”. Di Matina também defende que a baixa liquidez e a forte correlação dos fundos com as commodities agrícolas “tornam os Fiagros vulneráveis a choques de mercado”.
“O risco sistêmico do setor, combinado com um retorno dependente de fatores de difícil previsão, não justificam novas posições neste momento”, conclui Gianluca Di Matina.